sábado, 31 de maio de 2008

O prazer e a dor (mais dor que prazer)

Aristóteles define prazer como "um certo movimento da alma e um regresso total e sensível ao estado natural". A dor é o seu contrário. O que produz a disposição para o prazer é agradável e o que a destrói é doloroso. É agradável e, portanto, dá prazer, o que tende para o estado natural e os hábitos também são igualmente agradáveis porque o que é habitual assemelha-se ao que é natural. É, também, agradável o que não resulta da coação. Por outro lado, é doloroso o que obriga ao esforço não querido ou não habitual e, de uma maneira geral, tudo o que traz preocupações ou envolve a necessidade e a coação. É essa a razão pela qual o descanso, os jogos e o sono são agradáveis, pois ninguém descansa, joga ou dorme por obrigação.Claro está que o agradável é, também, tudo aquilo de que temos em nós o desejo, pois o desejo é apetite do agradável. Os desejos podem dividir-se em racionais e irracionais. Os desejos irracionais são "os que não procedem de uma acto prévio da compreensão; e são desse tipo todos os que se dizem ser naturais, como os que procedem do corpo; por exemplo, o desejo de alimento, a sede, a fome, o desejo relativo a cada espécie de alimento, os desejos ligados ao gosto e aos prazeres sexuais e, em geral, os desejos relativos ao tacto, ao olfacto, ao ouvido e à vista". Ao invés, os desejos racionais são apenas os que procedem da persuasão (Marques, 2008).
Diante de tudo isso, fica fácil concluir que não é simples, estar onde não se deseja, conviver com quem não se quer, ver seus desejos perdidos, e os sonhos esquecidos numa gaveta empoeirada. A dor tende a reduzir ou a extinguir a atividade, já não se realiza as tarefas como se deve, a mente já não tem ótimo funcionamento, decai de produção, pouco a pouco torna-se apenas um amontoado abstrato execrável (Silva, 2008).
A dor, nessas condições é traduzida como angústia. Chamamos de angústia a sensação psicológica, caracterizada por "abafamento", insegurança, falta de humor, ressentimento, dor e ferida na alma. Na moderna psiquiatria é considerada uma doença que pode produzir problemas psicossomáticos. Para Sartre a angústia é também uma emoção que precede algo (um acontecimento,uma ocasião, circunstância), também pode-se chegar a angústia através de lembranças traumaticas que dilaceraram ou fragmentaram o ego. Angústia quando a integridade psíquica está ameaçada, também costuma-se haver angústia em estados paranóicos onde a percepção é redobrada e em casos de ansiedade persecutória. A angústia exerce função crucial na simbolização de perigos reais (situação, circunstância) e imaginários (conseqüências temidas).

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